RELEVÂNCIA

Saber a idade da experimentação da Kaiboca como resultado desta roda de conversas, têm implicações importantes para se determinar o início de uma intervenção (prevenção) precoce do uso de substâncias. Dado ao início precoce do uso de substância, 7 a 9 anos de idade, entre os Maxakali, é provável que esses adolescentes cresçam vivenciando e experimentando uma miríade de problemas relacionados a este uso durante a adolescência.

Kaplowetal. (2002), estudando os preditores de início precoce do uso de substâncias a partir de uma gama de domínios psicossociais identificaram grupos de crianças que tinham pelo menos 50% de chance de iniciar o uso da substância antes de idade 12. Os autores propõem a construção de dispositivos de triagem, que inclua medidas de abuso de substâncias dos pais, a capacidade de educação por diálogo destes, hiperatividade infantil, problemas de pensamento e as habilidades para solucionar problemas sociais puderam.

Diante das especificidades culturais do beber Maxakali e de resultados de pesquisas que apontam para a inadequação de utilização de instrumento de rastreamento de uso de álcool com critérios biomédicos do DSM-V (2012) e da OMS (1993) em populações indígenas (Robin, et al, 2004, Souza, Schweickard e Garnelo, 2007) esta experiência toma como positivo o pressuposto que um debate interdisciplinar entre as ciências sociais, por meio de uma abordagem fenomenológica, e a ciência da saúde, esta aqui representada por uma epidemiologia aberta à investigação dos aspectos simbólicos (tais como valor, relevância e significados), pode fornecer subsídios para uma compreensão mais abrangente e aprofundada, bem como, a construção, sob  a ótica nativa, de instrumentos de rastreamento e registro da ingesta do álcool e seus problemas adversos para utilização no desenvolvimento de intervenções preventivas e/ou de redução de danos nas aldeias Maxakali.